O mundo assistiu chocado às imagens do jornalista do jornal Washington Post Daniel Pearl (foto ao lado) sendo decapitado por militantes do Paquistão, contrários à invasão do país em 2002 por tropas dos Estados Unidos. A seqüência, cruel e desumana, circulou pela Internet e despertou tristeza e horror por todo o mundo. O que poucas pessoas no Brasil deram atenção foi à luta da esposa de Daniel, Mariane (foto ao lado), para tentar resgatar o marido enquanto ele ainda estava com vida. “O Preço da Coragem” chegou para a preencher essa lacuna. Angelina Jolie dá vida a essa mulher que transformou a morte de seu companheiro numa bandeira em favor da humanidade. E que serve de exemplo para cada um de nós.
O filme não foge do bom e velho maniqueísmo: os assassinos de Pearl são monstros desumanos, enquanto as pessoas que auxiliam Mariane em sua luta demonstram tato e afeto. O próprio jornalista, a vítima, é apresentado como íntegro e honesto, corajoso e destemido. Mas é sua esposa é a verdadeira heroína da história, detentora de uma qualidade fundamental a todo cristão: perseverança. Apesar de tudo caminhar para uma tragédia, Mariane não perde as esperanças e permanece fiel às suas convicções até o fim.
Perseverança é fundamental no Cristianismo. Jesus disse, em Lc 21.18: ”Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas”. Hebreus 10.36 confirma isso: ”Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa”. Hebreus 12.1 reforça, ainda, que devemos correr ”com perseverança a carreira que nos está proposta”, ou seja, que precisamos viver a vida sem esmorecer. E, nesse sentido, devemos entender as tribulações como algo que vem justamente para produzir perseverança e, assim, tenhamos esperança (Rm 5.3,4). E fé.
Mariane é budista. Ela aparece meditando e entoando mantras em diferentes momentos do filme. A história sugere que o budismo dela, combinado com sua força interior, a ajudou a lidar com o seqüestro e a morte do marido. Na cena de seu casamento (uma cerimônia pós-moderna, ao estilo New Age), o celebrante define o budismo como uma fé que ajuda seus adeptos a encontrar sua força, beleza e coragem interiores.
Apesar de falar de um ato de extrema violência, ”O Preço da Coragem” tem um grande mérito: toda violência é sugerida, nunca apresentada de forma explícita. Nem mesmo o ato crucial, a decapitação de Daniel Pearl, é exibido. Pelo contrário, vemos os personagens assistindo ao vídeo de sua execução, uma seqüência de tremendo impacto. Palmas para o diretor Michael Winterbottom.
Este é um filme decente, humano, de certo modo angustiante mas educativo. Deve levar algumas estatuetas no Oscar do ano que vem. Nele, conseguimos ver o que ocorre quando filosofias daninhas são levadas ao extremo e percebemos que nunca devemos desanimar diante das adversidades. E que, mesmo que no final saiamos derrotados da batalha, devemos usar tudo o que aprendemos em favor de um mundo melhor. É vital perseverar, custe o que custar. Ganhando ou perdendo. Alegrando-se ou entristecendo-se. Vivendo ou morrendo.
Maurício Zágari Tupinambá
Equipe CINEGOSPEL
Estréia prevista no Brasil: 02/11/2007
[…] A lenda de Beowulf […]
[…] Bee Movie […]
[…] Santos e demônios […]
[…] O Preço da Coragem (leia crítica no CINEGOSPEL) […]