Ela é a poderosa * Crítica

29 06 2007

Ela é a poderosa Boas discussões e lições de moral num filme amoral
Desde que Jane Fonda anunciou publicamente sua conversão ao Cristianismo, a atriz fez poucos filmes. Depois de uma longa reclusão, voltou em A Sogra e, agora, chegou a vez de Ela é a poderosa (Georgia rule). O longa-metragem fala do poder da redenção, do perdão e dos laços inquebráveis da maternidade. Diversas questões sérias são postas em pauta na trama, como o abuso sexual de menores e a falta de comunicação entre pais e seus filhos, pela vida de três mulheres da mesma família.

Quando a adolescente rebelde Rachel, vivida por Lindsay Lohan, esgota a paciência da mãe, a alcoólatra Lilly (a vencedora do Globo de Ouro Felicity Huffman), a jovem é obrigada a passar um período na casa da avó, Georgia, personagen de Jane Fonda. Só que sua avozinha não se encaixa nos padrões: é mandona, impositiva e vive segundo uma série de regras que são obrigatórias a quem vive sob seu teto. E, agora, isso inclui a neta voluntariosa. A rígida personagem de Fonda é uma mórmon para quem a religião vem em primeiro lugar e o trabalho duro em segundo.

Ao ver o filme, descobrimos que foi o extremo legalismo da avó que acabou levando sua filha a sair de casa e a cair no alcoolismo. Mas é curioso notar que, na hora em que Lilly precisa pôr sua filha na linha, é junto à exigente Georgia que ela busca auxílio. Ou seja, foge-se da disciplina mas na hora do aperto recorre-se a ela. Bela lição.

Pessoas que têm problemas com membros de suas famílias podem tirar algo positivo de Ela é a poderosa, pois a produção ressalta fortemente a importância de aprender a aceitar os parentes, apesar dos terríveis erros que eles tenham cometido. Cada integrante da família do filme tem oportunidades de admitir onde errou, oferecer aceitação e também receber.

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O filme traz uma série de referências sexuais e discussões abertas sobre o assunto, além de um ato de sexo oral implícito entre um casal de jovens solteiros. [veja o Devo assistir?]

O roteirista Mark Andrus cresceu num ambiente mórmon. Ele conta que desejava ”retratar realisticamente aquele mundo de profunda devoção espiritual, trabalho duro e família próxima”. Mas mórmons podem ficar ofendidos ao ver Ela é a poderosa, pois há uma cena em que um jovem dessa religião pratica sexo com uma das personagens, depois de ser seduzido por ela. Detalhe: o rapaz estava se preparando para trabalhar como missionário e tinha uma namorada, também mórmon. Em alguns momentos, isso leva a um autêntico debate sobre espiritualidade. O jovem seduzido, Harlam, fala seriamente sobre a necessidade de se arrepender do pecado e de ter uma religião – e fé. Já a namorada dele aciona uma série de amigas mórmons para espioná-lo e as tais mostram ter um comportamento bem maldoso e legalista. Chegam a chamar Rachel de ”slut” – ”prostituta”, em inglês. Aliás, o uso nada econômico de palavreado ofensivo também pode incomodar os ouvidos mais sensíveis.

Em alguns momentos, a personagem de Fonda faz comentários dignos de aplauso do ponto de vista da ética cristã: ela diz que acidentes estão nas mãos de Deus e alerta mais de uma vez a outras pessoas para não tomar o nome de Deus em vão (o terceiro mandamento).

No frigir dos ovos, Ela é a poderosa traz à luz uma discussão válida sobre relações familiares e a importância de superar as diferenças em nome do amor. Aquele amor que nasce no ventre de cada mãe e permanece marcado em nosso sangue pelo resto da vida. Pena que para levantar o assunto os realizadores obrigam o público a passar por tanto conteúdo profano e provocativo. Nossa irmã em Cristo Jane Fonda que o diga…

Maurício Zágari Tupinambá

 

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[veja o trailer]


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