Antes de demonizar qualquer mídia é importante entender que um meio por si só não causa mal algum. E aqui é fundamental compreender o que é cinema.
Numa análise antropológica, cinema é a versão contemporânea de histórias contadas. Séculos atrás, as famílias e comunidades sentavam-se ao redor das fogueiras para contar e ouvir histórias. Feitos heróicos, batalhas grandiosas, relatos de amores impossíveis, a Ilíada e a Odisséia. Era a tão falada tradição oral. Que vinha satisfazer a necessidade primitiva e junguiana do ser humano de fantasiar, emocionar-se, sentir amor e ódio, apavorar-se com histórias de terror. De sentir.
As histórias contadas sempre foram na trajetória da humanidade a versão adulta das brincadeiras de criança. Com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo. Com uma boneca ou um carrinho, a necessidade primordial do ser humano de viver fantasias é satisfeita no cérebro dos pequeninos. Crescemos, mas continuamos com a extrema necessidade de ouvir histórias, viajar para mundos de fantasia, passar por aquilo que não temos coragem ou oportunidade de enfrentar.
E então surgiu o cinema.
As fogueiras foram substituídas pelas salas de exibição. As imagens mentais, pelas cenas prontas. A tradição oral transformou-se em tradição áudio-visual. Ganhamos um novo meio de alimentar sonhos. Sentimos. Refletimos. Cinema é a satisfação de instintos básicos do homem.
Assim, como no relato oral, as histórias transmitidas em película podem conter mensagens inspiradoras ou degradantes, imagens belas ou ofensivas, palavreado agressivo ou edificante. O cinema em si não é o mal. O que ele transmite sim, precisa ser visto com cuidado. Como acontece com qualquer mídia, a TV, o rádio, a internet, os livros etc.
E para isso nasceu o Cine Gospel: para oferecer ao público que se preocupa com o que vai ver no cinema uma análise crítica e bíblica de cada obra.
Bons filmes!
[…] instruir, entreter (se divertir não é pecado, é?), contar histórias, edificar espiritualmente [leia mais sobre isso aqui]. Mas ao ver A morte pede carona, abaixo a cabeça e dou a mão à palmatória: tem muita coisa […]