Desafios para um diretor cristão * Artigo

17 03 2008

DESAFIANDO OS GIGANTES. Desafios para um diretor cristão

Em 2006, durante uma das sessões da Christian Filmmkers Academy, tive a oportunidade de estar com Stephen Kendrick (foto), o produtor de “Desafiando os gigantes”. Na conversa com o grupo de diretores, ele mencionou que o grande desafio para um diretor e produtor cristão é Stephen Kendrickexatamente obedecer a visão que Deus tem dado. Uma vez que obedecemos, Ele, o Senhor, abrirá as portas de maneira inconfundível e cada produção será também a história de um milagre.

Todo diretor cristão que leva a sério a arte do cinema tem que começar com este ponto, obediência, antes de enfrentar as grandes barreiras e dificuldades para se produzir um bom filme. Uma vez que temos convicção de que Deus pôs um projeto, seja ele um filme ou um roteiro, no nosso coração, somos capacitados para superar tudo o mais que vem a seguir.

No entanto, as dificuldades para novos diretores cristãos são reais e precisamos saber como enfrentar e superar. As dificuldades financeiras são óbvias e a falta de bons roteiros e bons atores no meio cristão aumenta as dificuldades. Equipamento já foi uma grande barreira, mas hoje, a cada ano, vai ficando mais fácil fazer um filme. No entanto, quero mencionar algumas coisas não tão óbvias e que são grandes desafios para diretores cristãos.

11.jpg1. Falta de experiência e maturidade para dirigir e produzir. A regra é que um bom diretor será formado com o tempo e com muitos filmes experimentais. Nosso grande problema é pensar que fazemos parte da exceção e que logo queremos produzir um grande filme sem ter percorrido o caminho dos curtas ou ter trabalhado com outros diretores mais experientes. Michael Rabiger (1) diz que o maior “desastre” para um diretor é ter seu primeiro filme como um sucesso de bilheteria. Dirigir um filme é como dirigir uma orquestra e qualquer maestro que se preze sabe do valor da experiência.

Nossa falta de paciência para aprender tudo na teoria e na prática nos leva a frustrações logo no início da nosso carreira e aqui muitos desistem. Um grande consolo é saber que nosso segundo filme é muito melhor que o primeiro, o terceiro vai superar o segundo e assim se formam os grande profissionais.

Aqui está algo para se aprender com Hollywood: eles souberam percorrer o caminho do tempo e da experiência. Particularmente estamos neste caminho: ainda não chegamos lá, estamos aprendendo com cada curta e melhorando com cada produção, até que nos aventuraremos com vôos mais altos.

2.jpg2. Falta de teologia correta nos filmes chamados Cristãos. A Christian Filmmakers Academy nos Estados Unidos ensina que o primeiro conhecimento de um diretor cristão deve ser o conhecimento bíblico. Filme é um instrumento de comunicação com muito poder, você pode trazer conceitos totalmente anticristãos numa produção feita dentro da igreja. O mais assustador é saber de diretores cristãos que querem usar a mesma filosofia caótica de Hollywood para vender seus filmes. Se não somos capazes de produzir um filme que impacta e vende com beleza, aventura, romance etc. sem usar dos conceitos de violência, então, como sugeriu um diretor brasileiro, deveríamos estar dirigindo táxi, não filmes.

Esta é uma das grandes barreiras para se enfrentar: como produzir um filme cristão que não seja o nosso endosso daquilo que não cremos.

3.jpg3. Falta de valor cinematográfico. Se por um lado um diretor cristão deve ser bem assessorado teologicamente, ele também deve aprender com os outros diretores o que é valor cinematográfico. Na palestra “O que Hollywood sabe e que nos não sabemos e o que sabemos que Hollywood não sabe” Geoffrey Botkin (2) menciona que os diretores em Los Angeles sabem cativar com cada quadro. Muitos filmes cristãos ainda são extremamente pobres em valor cinematográfico. Você percebe nos primeiros segundos que se trata de uma produção ruim. Temos que superar esta barreira trazendo profissionais de qualidade para trabalhar ao nosso lado. Excelentes história têm salvado muitos filmes, mas a busca por excelência cinematográfica deve ser também nosso alvo como diretor.

Estes três desafios devem ser levados a sério se queremos que nossos filmes impactem e transformem. Um filme pode ter uma mensagem cristã genuína e ser produzido para todo o público, dirigida por um diretor experiente e com grande valor cinematográfico, sem ser um “filme chato de crente”!

(1) Rabiger, Michael. Directing: film techniques and aestetics. Focal Press (2) Geoffrey Botkin. Christian Filmmakers Academy – San Antonio Independent Christian Film Festival 2004.

Missionário no Leste Europeu
Moisés Menezes é missionário no Leste Europeu e também diretor. Já produziu dois curtas, sendo que um, “My Name is Nadia” foi semi-finalista no San Antonio Independent Christian Film Festival – Estados Unidos. Em 2007 filmou no Chile “O Menino e o Barco” filme que tem agora um new-cut. Moises esta trabalhando para filmar na Polônia em 2009 outro curta que se chamara “Finding Josef”. Para conhecer mais sobre este ministério visite o site: www.moisesmenezes.org